Santa Luzia-PB – Henrique Melo

30/01/2010

Zé, o semeador

Filed under: 1 — Henrique Melo @ 16:18

Armando Nóbrega Marinho

– Para o bom entendedor meia palavra basta – diz hoje a sabedoria popular, quando há 500 anos a.C. Heráclito de Éfeso dizia: “Um (1) me vale por dez mil, desde que seja o melhor”. Entre o bom entendedor, do povo, e o melhor, da Filosofia, deve encontrar-se o homem integral mergulhado em Deus. Revendo em família o filme da vida de um homem que viveu bem e corretamente a última metade do século 20 na bela capital das Acácias, dois episódios comprovam sua condição de homem de fé e “bon vivant”, o homem integral de Humberto Rohden. José Belarmino da Nóbrega, natural de Santa Luzia, era da turma de Direito de 1959 da UFPB.

Certo dia, no final dos anos 1970, encontro Zé Belarmino saindo do expediente no Ministério da Fazenda a caminho da Igreja da Misericórdia, num ritual diário. Entre comentários do dia ele afirma convicto ter chegado a uma nova conclusão que mudará a vida de todos os brasileiros: não acreditava que nenhuma das forças em ação no momento pudesse superar a revolução de março de 1964, mas “agora que a Igreja Católica entra na luta para valer, a coisa vai”. Aquilo caiu em meu coração como uma semente do Reino de Deus. (Mc. 4: 26). Hoje é que percebo que a observação, além de vir de um profundo conhecedor do materialismo histórico, era também fruto de uma mente enraizada nas verdades da fé cristã que traduzia os sinais dos tempos. Mas assim mesmo aquela informação foi bastante para calar fundo em meu ser e me ajudar a superar os tempos difíceis ainda pela frente.

Já com Gonzaga Rodrigues a lição não foi muito diferente. No seu artigo em que cita o comentário de Belarmino sobre a escolha do Paraibano do Século, ele deixa implícita sua concordância com o amigo. “Vocês (os jornalistas) são umas bestas. O paraibano do século foi Padre Zé”. Mais uma vez ele deixa claro que a palavra final está com a fé católica, elegendo a caridade como bem maior do intelecto humano. Reconhecendo essa mesma qualidade como traço principal da sua personalidade, vou além, para enxergar em Belarmino um antecipador, embora na simples experiência diária, dos novos tempos que se desenham no horizonte futuro da humanidade, um tanto quanto frustrante para as esperanças do Iluminismo, mas na medida exata das coisas de Deus. O próprio Voltaire já dizia: “O homem argumenta, a natureza age”. Todos os esforços do homem moderno redundaram na globalização que dividiu-se em duas frentes de destruição humana: a catástrofe ecologia e a violência urbana. Lógico que Zé não era defensor da estagnação ou da paralisia da evolução social, mas de uma correção de rumos da humanidade que privilegiasse o humanitarismo em duas dimensões: a ecologia e a justiça social. A nova carta de Bento XVI está ai para lhe dar razão.

Como se vê, o discípulo (sobrevivente) de Augusto do Anjos e transparente seguidor do Padre Zé, o digníssimo esposo de Therezinha de Carvalho Nóbrega, e amantíssimo pai de Maria Helena e de João Carlos, não foi um poeta nem um santo, mas simplesmente um homem que honrou a sua condição humana. No último dia 27 de dezembro, os seus familiares e amigos lembraram os sete anos sem a sua serenidade.

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26/01/2010

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